Preciso de alguém mais forte do que eu.
A hora azulada quando a escuridão é rompida pelo dia reacende minhas marcas nesse banheiro de bar.Já não consigo sair.Sou a última mulher de todas que deixaram a seiva selvagem de sexo de suas urinas pelo vaso,pelo chão...
Sou sempre a última mulher,a que sobra e cheira o odor fétido do álcool transformado.Sou a boceta solitária e vadia que se vê nua num velho espelho...A maquiagem não disfarça nenhuma dor,não me torna alegre,nem sedutora.Já não tenho a cor de maçã perfumada e pura.
Serei recolhida como o resto desses papéis úmidos e sujos...
A noite inteira escutei sons confusos, estridentes,mistura de música e conversas vazias.Meus olhos mergulhados em T. são como satélites desgovernados,desorientados pela falta de paixão.Ele se conforta em mim quando não há mais ninguém,ele sabe o que pede minha boca.Ele preenche nela seus próprios vazios e encontra a calma e o prazer.
Apenas dessa vez eu serei todas elas.Trancada aqui me esfrego nas paredes,me contamino do que não sou.Elas me doam a compaixão de que necessito.Elas me dão seus amores,suas esperanças... Sinto o sonho no rastro da fêmea. Bruscamente um afago aquece minha nuca, você vê, eles deixam seus beijos...
Eles enlouquecem pelo meu cheiro mentiroso, a mulher que nunca é notada é a mulher adorada pela cegueira de todos os homens. Diversos tons de âmbar me colorem... Já não estou só.
4 comentários:
Deixe escorrer esta água poética que inunda seu corpo.
O deserto agradece!!
Beijos
Peter,
câncer é aquático,eu acho que tenho que me render à emoçào mesmo.O que sinto.Sou um fracasso na racionalidade...
Beijos
Alguém de lábios quentes ela precisa.
Essa personagem de um velho tango desperta curiosidade. Qual seria o nome dela?
Tem razão Henrique...todas nós precisamos de homens de lábios quentes e ardidos de paixão.
Vou dar continuidade na história dela,era uma idéia que me atormentava...obrigada pelo empurrão para que ela continue!
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